João Marques: Deformar para transformar a relação com a diferença

Os cartoons de João Marques deformam a figura humana para questionar a ideia de normalidade. Inicialmente desenhados com o intuito de passearem em peças de roupa, saíram à rua e é onde agora gostam mesmo de estar. Ser um dos vencedores da Open Call do POSTER deu-lhes uma galeria a céu aberto e ainda mais vontade de correr pela cidade sem fugir das nossas consciências.

POSTER: Já tinhas este trabalho ou criaste-o especialmente para participares no Poster?
JOÃO MARQUES: Realizei esta ilustração anteriormente, tinha como objetivo explorar um tipo de deformação de expressões que no fim funcionasse como um todo e onde, à primeira vista, fosse impercetível a compreensão de todos os traços. Inicialmente o propósito da ilustração seria a estampagem em sweaters e t-shirts.

POSTER: O que é te levou a concorrer?
JM: A vontade de querer ver os meus “bonecos” num formato de grande dimensão numa galeria a céu aberto. Também queria dar a conhecer um pouco do meu trabalho e nada melhor que o Poster e as paredes de Marvila. Tive a sorte de ser um dos dez selecionados e fiquei muito contente com esta oportunidade.

POSTER: Que mensagem ou reflexão está por detrás deste poster?
JM: Este poster representa uma critica ao preconceito presente nos dias de hoje, ao estereótipo pré-formatado de uma normalidade que não deve ser quebrada. Retratei os olhares da sociedade perante a diferença no que nos rodeia. Relaciona-se também com o conceito do Poster, que, como meio de comunicação, muitas vezes é desvalorizado e criticado quando exposto nas ruas.

POSTER: Estudaste Design e Comunicação. Em que momento surge a paixão pela ilustração?
JM: Sempre tive um gosto e um prazer enorme em desenhar. Foi com a ida para a universidade que comecei a explorar mais e a utilizar o desenho como ferramenta de trabalho. Hoje em dia é-me impossível passar um dia sem riscar um caderno ou uma folha branca.

POSTER: O formato poster e a rua já não te eram estranhas. Que experiências e projetos queres destacar?
JM: Nos últimos anos, comecei a perceber a importância das ruas e como, com um simples boneco, podemos alertar/consciencializar. As poucas experiências que tive na rua foram bastante gratificantes, desde o paste-up de ilustrações ao mural que realizei. Algo em que quero apostar agora, intervenção em espaços urbanos.

POSTER: O que é que perspetivas para a tua carreira? Estás mais empenhado em trabalhar como designer ou conquistar o teu espaço na ilustração?
JM: Quero desenvolver a minha identidade como ilustrador e realizar projetos de grande dimensão, desde intervenções em formato de mural como diferentes tipos de instalações artísticas.

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