Hugo Moxxo: “Foi paixão à primeira vista”

A paixão pelo mundo das máquinas e a despedida dos Estados Unidos resumem-se nesta fotografia, que viria a tornar-se um dos posters da 5ª edição do POSTER Mostra. Hugo Gomes, que assina como “Moxxo”, regressou a Portugal e não hesitou em aceitar o convite a expor nesta galeria a céu aberto na sua cidade.

Este teu poster foi um regresso a casa, 13 anos depois. Aceitar o convite foi prestar um tributo à tua cidade?
Lisboa é a minha alma e estar longe dela foi muito complicado. Regressar a casa significa muitas coisas para mim: recomeçar uma nova vida, planear um futuro e aceitar que é para ficar. Estar envolvido num projeto como o POSTER é como fazer um pacto com a cidade.

O que é que te levou a dizer “sim”?
Muitas das coisas em que já participei foram fora de Portugal e saber que existia a oportunidade de participar num projeto como o POSTER, em Lisboa, tornou impossivel dizer que não. O facto de conhecer o Bruno (diretor artístico do projeto) ajudou a não pensar duas vezes. A amizade é algo que levei comigo e que sempre tentei cuidar.

Conta-nos a estória desta fotografia, do contexto e do momento que ela congela.
Acho que esta foto pode significar muita coisa. Quando reparei no “Wild thing”, na race track, todos os meus sentidos se focaram nele. Para mim já existe uma paixão pelo mundo das máquinas e por isso foi paixão à primeira vista. Acho que o facto de estar, na altura, a despedir-me dos Estados Unidos me fez sentir que estava ali o resumo da minha aventura. O resumo de um espírito americano, que em muito contrasta com tudo o que aconteceu nestes últimos anos. Os Estados Unidos são um “Wild”, muito wild, country e esta foto é um retrato desse espírito.

Neste momento, estás cá a trabalhar remotamente. Que descobertas tens feito no contexto do teu trabalho, quer como designer quer como fotógrafo, neste novo normal?
Para ser sincero, muita coisa mudou para mim e ao mesmo tempo tudo se tornou novo e surreal. Neste momento trabalho para Silicone Valley e trabalhar remotamente passou a ser algo normal. Viver este distanciamento já me tinha sido imposto antes do Covid e acabou por se tornar natural para mim. Gostaria de estar mais ligado ao meu país agora que voltei, mas continuo a viver a vida com os olhos postos na América.

Já agora, porquê Moxxo?
Moxxo vem dos tempos do IADE. Acabou por ser um nickname pelo qual as pessoas me tratavam enquanto trabalhei em Portugal. Não tem um significado exato, mas vai de encontro ao acto de observar e ver para além do olhar. Hoje em dia sinto que a minha ligação com a fotografia se encaixa nesta maneira de ver e observar as coisas, é uma perspetiva e ângulo mais alargado, tal e qual como um mocho. Os dois xx do nome vêm dos meus anos de adolescente, de um outro grupo de amigos, que se intitulavam os “Fixxes”, grupo esse com mais de 25 anos de amizade.

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